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Somos África- Angola prepara-se para participar em mais um CAN, agora na África do Sul. Como angolano quais as perspectivas que tem quanto há vossa participação no CAN2013?
Filipe Mukenga-Gosto de futebol. Não entendo muito de tácticas e de outros aspectos ligados ao desporto rei. De qualquer modo, direi que Angola, desta vez e pela preparação que teve sob o comando do novo técnico contratado pela FAF, agora sob o comando do general Pedro Neto vai fazer uma excelente campanha no CAN da África do Sul. Estou convencido de que chegará, pelo menos aos quartos de final.
Somos África- Cabo-Verde e Angola fazem parte do mesmo grupo,que possibilidade existe das duas Selecções passarem a próxima fase?surpeende-o a presença dos Tubarões Azuis neste CAN-2013?
Filipe Mukenga-Seria um acontecimento extraordinário a passagem das selecções irmãs a fase seguinte; mas excelente será se a final do CAN for entre duas selecções da CPLP. Cabo Verde tem estado a subir, a desenvolver-se muito rapidamente no futebol depois de uma fase menos boa. Uma prova evidente, para além dos bons resultados que vem alcançando na contenda com outras selecções é, sem dúvida alguma, a sua presença no CAN 2013. Portanto, para mim, a presença de Cabo Verde na edição do Campeonato Africano das Nações, CAN 2013, que inicia já no próximo dia 19 de Janeiro, não é surpresa nenhuma.
Somos África- No campo musical, estás a terminar o teu novo trabalho, em parceria com Filipe zau, ”Canto, segundo da Sereia -o Encanto", que diferença tem este trabalho em relação ao “Nós, somos nós?”
Filipe Mukenga- O projecto discográfico “Canto segundo da sereia – o encanto”, um lítero-musical através do qual eu e o Zau abordámos aspetos da vida dos antigos marítimos africanos, que tiveram um papel relevante no decurso da luta de Libertação nacional do jugo colonialista, já está em disco e foi lançado no decurso de 2012 na Universidade Independente. Em “Nós somos nós” meu 4º disco de originais, lançado em Luanda no ano de 2009, gravado em S. Paulo – Brasil, com direção musical de Zeca Baleiro, excelente músico da MPB e bem conhecido dos portugueses, homenageia-se o meu povo, o povo angolano, pela grande conquista dos últimos tempos e que foi, indubitavelmente, a PAZ. Para além deste facto, e através do mesmo disco, em algumas das canções que o integram, mostro a irmandade que realmente existe entre os ritmos SEMBA e SAMBA. É tão ténue a fronteira entre ambos os ritmos que, não se tendo cuidado, pode-se mergulhar tanto no SEMBA como no SAMBA.
Somos África-Nesse “Nós Somos nós” tiveste a participação de músicos como Djavan, Zeca Baleiro, Martinho da Vila entre outros músicos Brasileiros, que influência teve esta cooperação com estes grandes músicos brasileiros?
Filipe Mukenga- O meu projecto musical, desde sempre, tem sido o da procura de novas sonoridades para a música que se faz em Angola e dentro daquilo que designo de NMA- Nova música de Angola, caracterizada por uma grande riqueza no que toca aos conteúdos, às mensagens, mas, também, rica do que se refere às melodias e harmonias. Ora, é minha opinião, de que é, absolutamente imperioso, para a obtenção das novas sonoridades, trabalhar-se com músicos de outras galáxias que não sejam somente angolanos E eu creio que, de certa forma, consegui este desiderato, trabalhando com colegas brasileiros.
Somos África-Martinho da Vila é um enorme amigo de Angola, agora Zeca Baleiro, como surgiu essa vossa colaboração?
Filipe Mukenga- Depois de tê-lo visto variadas vezes na Televisão portuguesa, tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente em Cabo Verde e numa das edições do Festival de Santa Maria. Tornámo-nos de imediato bons amigos e prometemos trabalhar juntos nalgum projeto que se apresentasse. O projecto é o disco “Nós somos nós” e a possibilidade para gravá-lo, surgiu em finais de 2008, após um encontro no Brasil, entre Zeca e Raimundo Lima, um grande amigo meu de Salvador da Bahia, que financiou parte do projecto.
Somos África- O Filipe Mukenga iniciou a sua carreira, a cantar música da época, Beatles e música francesa, como recorda esse tempo?
Filipe Mukenga- Nasci como músico nos idos anos 60, que considero a época de ouro da música contemporânea, durante a qual o mundo vi surgir grandes e fabulosos talentos. The Beatles, The Rollings Stones, Charles Aznavour, Alain Barrière, The Shadows, Wilson Picket, Otis Redding Ray Charles e tantos outros talentos, deixaram marcas profundas na estrada da música. Aos Beatles, devo o facto de me encontrar, até hoje, calcorreando os caminhos do som, das notas musicais e é, com alguma nostalgia, que recordo momentos inesquecíveis vividos naquela época.
Somos África-O que levou o Filipe Mukenga a mudar o seu estilo musical, e começar as investigações para recuperar a música tradicional?
Filipe Mukenga: Comecei a minha carreira cantando e vivendo dos êxitos que nos chegavam vindo exterior. No exército português, entretanto, e no qual fui mobilizado, nas horas de lazer, escutando dos meus colegas canções das suas terras de origem, apercebi-me da riqueza da nossa música. Terminado em 1973 o serviço militar, decido, então, dar uma outra orientação à minha carreira; decido não mais cantar temas que nada tinham a ver com Angola, o meu país, formo o duo MISOSO e a partir dele, começo a trabalhar partindo da nossa música, recolhendo canções populares e tradicionais que são por mim estilizadas e, compondo canções em algumas das nossas línguas nacionais como o Kimbundu, Umbundu e Kwanyama, valorizando esse património cultural.
Somos África-Falemos deste novo trabalho em parceria com Filipe Zau, que podemos esperar? É a continuação da Fusão entre a música tradicional e o Jazz?
Filipe Mukenga- Com Filipe Zau, meu irmão de afectividade e parceiro na arte da composição, está pronto para gravação, “O canto terceiro da sereia – o encanto”. Com este projecto, daremos por finda a história dos antigos marítimos africanos. É uma trilogia. Porque me responsabilizo pelas músicas, sou eu que as escrevo, elas estarão enquadradas naquilo que atrás já referi como sendo NMA- Nova Música de Angola, onde as pessoas poderão encontrar música tocando géneros diversos, uns angolanos e outros de outras partes do Universo. Estamos neste momento a procura de quem se predisponha a patrocinar a opereta. Não tem sido fácil ao longo dos anos, a obtenção das ajudas financeiras necessárias. “O canto segundo da sereia – o encanto”, escrito em 1996, só em 2012 conseguimos a necessária ajuda, passados 16 anos.
Somos África-Sei que vai estar em Lisboa em Março para finalizar o novo trabalho, além do Filipe Zau quem mais participa no trabalho?
Filipe Mukenga:Em Março deste ano, estarei em Lisboa para gravar o meu 5º disco a solo com direção musical e arranjos de LUIZ AVELLAR. O disco que integrará 14 ou 15 canções, será gravado para a GETRECORDS e perdoe-me por não poder referir aqui, mais aspetos ligados ao disco.
Somos África-Para quando o regresso do Filipe aos palcos?
Filipe Mukenga: Com o novo disco, a ser lançado no decorrer do presente ano, espero voltar a ter um contato mais assíduo com todos aqueles que são meus fãs e gostam de boa música, aquela que no meu sentir, enriquece culturalmente as pessoas
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