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Somos África



Segunda-feira, 14.01.13

Filipe Mukenga no "Somos Africa"

Somos África- Angola prepara-se para participar em mais um CAN, agora na África do Sul. Como angolano quais as perspectivas que tem  quanto há vossa participação no CAN2013? 

Filipe Mukenga-Gosto de futebol. Não entendo muito de tácticas e de outros aspectos ligados ao desporto rei. De qualquer modo, direi que Angola, desta vez e pela preparação que teve sob o comando do novo técnico contratado pela FAF, agora sob o comando do general Pedro Neto vai fazer uma excelente campanha no CAN da África do Sul. Estou convencido de que chegará, pelo menos aos quartos de final.

Somos ÁfricaCabo-Verde e Angola fazem parte do mesmo grupo,que possibilidade existe das duas Selecções passarem a próxima fase?surpeende-o a presença dos Tubarões Azuis neste CAN-2013?


Filipe Mukenga-Seria um acontecimento extraordinário a passagem das selecções irmãs a fase seguinte; mas excelente será se a final do CAN for entre duas selecções da CPLP. Cabo Verde tem estado a subir, a desenvolver-se muito rapidamente no futebol depois de uma fase menos boa. Uma prova evidente, para além dos bons resultados que vem alcançando na contenda com outras selecções é, sem dúvida alguma, a sua presença no CAN 2013. Portanto, para mim, a presença de Cabo Verde na edição do Campeonato Africano das Nações, CAN 2013, que inicia já no próximo dia 19 de Janeiro, não é surpresa nenhuma.

Somos África- No campo musical, estás a terminar o teu novo trabalho, em parceria com Filipe zau, ”Canto, segundo da Sereia -o Encanto", que diferença tem este trabalho em relação ao “Nós, somos nós?”

Filipe Mukenga- O projecto discográfico “Canto segundo da sereia – o encanto”, um lítero-musical através do qual eu e o Zau abordámos aspetos da vida dos antigos marítimos africanos, que tiveram um papel relevante no decurso da luta de Libertação nacional do jugo colonialista, já está em disco e foi lançado no decurso de 2012 na Universidade Independente. Em “Nós somos nós” meu 4º disco de originais, lançado em Luanda no ano de 2009, gravado em S. PauloBrasil, com direção musical de Zeca Baleiro, excelente músico da MPB e bem conhecido dos portugueses, homenageia-se o meu povo, o povo angolano, pela grande conquista dos últimos tempos e que foi, indubitavelmente, a PAZ. Para além deste facto, e através do mesmo disco, em algumas das canções que o integram, mostro a irmandade que realmente existe entre os ritmos SEMBA e SAMBA. É tão ténue a fronteira entre ambos os ritmos que, não se tendo cuidado, pode-se mergulhar tanto no SEMBA como no SAMBA.

Somos África-Nesse “Nós Somos nós” tiveste a participação de músicos como Djavan, Zeca Baleiro, Martinho da Vila entre outros músicos Brasileiros, que influência teve esta cooperação com estes grandes músicos brasileiros?

Filipe Mukenga- O meu projecto musical, desde sempre, tem sido o da procura de novas sonoridades para a música que se faz em Angola e dentro daquilo que designo de NMA- Nova música de Angola, caracterizada por uma grande riqueza no que toca aos conteúdos, às mensagens, mas, também, rica do que se refere às melodias e harmonias. Ora, é minha opinião, de que é, absolutamente imperioso, para a obtenção das novas sonoridades, trabalhar-se com músicos de outras galáxias que não sejam somente angolanos E eu creio que, de certa forma, consegui este desiderato, trabalhando com colegas brasileiros.

Somos África-Martinho da Vila é um enorme amigo de Angola, agora Zeca Baleiro, como surgiu essa vossa colaboração?

Filipe Mukenga- Depois de tê-lo visto variadas vezes na Televisão portuguesa, tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente em Cabo Verde e numa das edições do Festival de Santa Maria. Tornámo-nos de imediato bons amigos e prometemos trabalhar juntos nalgum projeto que se apresentasse. O projecto é o disco “Nós somos nós” e a possibilidade para gravá-lo, surgiu em finais de 2008, após um encontro no Brasil, entre Zeca e Raimundo Lima, um grande amigo meu de Salvador da Bahia, que financiou parte do projecto.  

Somos África- O Filipe Mukenga iniciou a sua carreira, a cantar música da época, Beatles e música francesa, como recorda esse tempo?

Filipe Mukenga- Nasci como músico nos idos anos 60, que considero a época de ouro da música contemporânea, durante a qual o mundo vi surgir grandes e fabulosos talentos. The Beatles, The Rollings Stones, Charles Aznavour, Alain Barrière, The Shadows, Wilson Picket, Otis Redding Ray Charles e tantos outros talentos, deixaram marcas profundas na estrada da música. Aos Beatles, devo o facto de me encontrar, até hoje, calcorreando os caminhos do som, das notas musicais e é, com alguma nostalgia, que recordo momentos inesquecíveis vividos naquela época.

Somos África-O que levou o Filipe Mukenga a mudar o seu estilo musical, e começar as investigações para recuperar a música tradicional?

Filipe Mukenga: Comecei a minha carreira cantando e vivendo dos êxitos que nos chegavam vindo exterior. No exército português, entretanto, e no qual fui mobilizado, nas horas de lazer, escutando dos meus colegas canções das suas terras de origem, apercebi-me da riqueza da nossa música. Terminado em 1973 o serviço militar, decido, então, dar uma outra orientação à minha carreira; decido não mais cantar temas que nada tinham a ver com Angola, o meu país, formo o duo MISOSO e a partir dele, começo a trabalhar partindo da nossa música, recolhendo canções populares e tradicionais que são por mim estilizadas e, compondo canções em algumas das nossas línguas nacionais como o Kimbundu, Umbundu e Kwanyama, valorizando esse património cultural.


Somos África-Falemos deste novo trabalho em parceria com Filipe Zau, que podemos esperar? É a continuação da Fusão entre a música tradicional e o Jazz?

Filipe Mukenga- Com Filipe Zau, meu irmão de afectividade e parceiro na arte da composição, está pronto para gravação, “O canto terceiro da sereia – o encanto”. Com este projecto, daremos por finda a história dos antigos marítimos africanos. É uma trilogia. Porque me responsabilizo pelas músicas, sou eu que as escrevo, elas estarão enquadradas naquilo que atrás já referi como sendo NMA- Nova Música de Angola, onde as pessoas poderão encontrar música tocando géneros diversos, uns angolanos e outros de outras partes do Universo. Estamos neste momento a procura de quem se predisponha a patrocinar a opereta. Não tem sido fácil ao longo dos anos, a obtenção das ajudas financeiras necessárias. “O canto segundo da sereia – o encanto”, escrito em 1996, só em 2012 conseguimos a necessária ajuda, passados 16 anos. 

Somos África-Sei que vai estar em Lisboa em Março para finalizar o novo trabalho, além do Filipe Zau quem mais participa no trabalho?

Filipe Mukenga:Em Março deste ano, estarei em Lisboa para gravar o meu 5º disco a solo com direção musical e arranjos de LUIZ AVELLAR. O disco que integrará 14 ou 15 canções, será gravado para a GETRECORDS e perdoe-me por não poder referir aqui, mais aspetos ligados ao disco.

Somos África-Para quando o regresso do Filipe aos palcos?

Filipe Mukenga: Com o novo disco, a ser lançado no decorrer do presente ano, espero voltar a ter um contato mais assíduo com todos aqueles que são meus fãs e gostam de boa música, aquela que no meu sentir, enriquece culturalmente as pessoas

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por somosafrica às 00:30



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